Testemunhos

Daniel Alves – Bordéus (França)

Técnico Vitivinícola

A experiência foi bastante marcante, visto que aprendi novos métodos de trabalho que podem facilitar mais o nosso dia a dia nos trabalhos do campo. Na adega, aprendi também muitas formas diferentes de lidar com o mosto, desde a sua chegada à adega até se tornar vinho e ser engarrafado.

 Na parte da minha experiência pessoal, foi totalmente gratificante, nunca tinha estado longe do meu país, longe da família, longe de "tudo". Foi uma aventura espetacular!

Cité du Vin em Bordéus

 

Ana Luísa Esteves – Bordeaux (França)

Técnico de Turismo Ambiental e Rural 

Sou a Ana Luísa Esteves, tenho 17 anos e estou no Curso de Turismo Ambiental e Rural.

Fui selecionada para realizar um estágio durante três meses em Bordeaux, França no âmbito do "Projeto Moinhos VI - Formar para Inovar", um programa Erasmus + (dirigido pela Câmara Municipal de Torres Vedras, em parceria com as escolas profissionais e secundárias do concelho).

Esta experiência, para mim, foi, sem dúvida, uma grande “aventura”. Teve muitos altos e baixos e desafiou-me todos os dias. Foi a minha primeira viagem de avião e, também, a primeira vez que tive o contacto com um novo país e com uma língua que desconhecia, por isso estava ainda mais receosa da minha adaptação.

Em termos de formação em contexto de trabalho, comecei por estagiar numa empresa chamada Bordeaux Trip mas não estava a ser enriquecedor, uma vez que não me era dado nada para fazer. Com o objetivo e a esperança de ter uma experiência mais satisfatória e rica em termos profissionais, comecei a pesquisar por novos locais para um possível estágio e fiz algumas sugestões à entidade intermediária, o que me abriu portas para realizar estágio numa nova entidade: Musée du Vin et du Négoce.

Falando sobre a cidade de Bordéus, posso dizer que esta é um misto de ofertas. É considerada a cidade do vinho, além disso, é muito organizada em termos de transportes, tem muitos restaurantes e bares, mas também oferece espaços de sossego, em comunhão com a natureza. Era nestes espaços que, muitas vezes, ouvia apenas os passarinhos e estava em contacto com a natureza, o que me confortava, pois relembravam-me das minhas raízes, da aldeia onde vivo em Portugal.

Considero que o meu primeiro mês em Bordéus foi difícil. Foi um mês de adaptação a um novo meio, a uma nova cultura, a uma nova língua, a uma nova rotina e a uma nova forma de lidar com as pessoas. Senti que as pessoas em Bordeaux não são afáveis e acolhedoras como em Portugal.

Quando me “aventurei” neste Projeto criei grandes expectativas sobre o que ia encontrar, e posso dizer que uma das coisas que mais me desanimou foi chegar lá e ver que não era bem aquilo que estava à espera. O facto do meu primeiro estágio não ter sido uma boa experiência e perceber que as pessoas não eram nada afáveis e nem calorosas comigo, deixou-me bastante reticente, pois fazia-me sentir sozinha.

Com o passar do tempo e com a mudança de estágio tive um novo ponto de vista e ganhei motivação para continuar. Sem dúvida que esta mudança de estágio veio na altura certa!

Fui para uma área de que sempre “fugi a sete pés”, que nada me dizia: os Vinhos. Contudo, neste estágio tive a sorte de ter tido pessoas que me ajudaram no processo de adaptação e que me ensinaram mais sobre esta temática, tão emblemática na região. Não podia ter sido melhor, ir para Bordéus que é a capital do vinho e estagiar numa entidade que abordava a mesma temática, numa perspetiva turística. Senti que era um tema que me dizia muito pouco, me fez perceber a enorme ligação entre o turismo e o mundo rural, tendo até vindo baralhar as minhas expectativas para o meu futuro profissional.

Acredito que saí desta experiência muito mais confiante e segura de mim mesma, pois aprendi a comunicar-me com os meus colegas de trabalho numa língua que não era a minha, a fazer apresentações sobre os diferentes tipos de vinho da região de Bordéus e degustações para o público e a receber visitantes em três línguas diferentes (português, francês e inglês).

Além disso, conheci pessoas que enriqueceram a minha estadia e das quais nunca me esquecerei. Ganhei prática e mais autonomia em contexto de trabalho e, ainda, uma nova paixão: o mundo dos vinhos.

Na minha opinião todos deveriam passar por esta “aventura” pelo menos uma vez na vida, pois mesmo com todos os obstáculos que me apareceram, sinto que é muito gratificante olhar para trás e ver todo o percurso que consegui percorrer, e perceber que voltei uma pessoa mais capaz e mais confiante, do que quando fui.

Deixo aqui umas frases que me motivaram e hoje, mais do que nunca, fazem todo o sentido:

“És mais valente do que acreditas,

Mais forte do que pareces

E estás mais preparado do que alguma vez imaginaste!” (autor desconhecido).

Apresentação das regiões vinícolas de França

 

 

João Almeida - Bordéus (França)

Técnico de Recursos Florestais e Ambientais

Chamo-me João Pedro Bravo Fernandes Almeida, tenho 19 anos, vivo em Arruda dos Vinhos e estudo na Escola Profissional Agrícola Fernando Barros Leal no curso profissional de Técnico de Recursos Florestais e Ambientais no último ano.

Não sei como começar, bem, posso começar por dizer que não esperava ser eu escolhido a ir 3 meses para fora de Portugal e estagiar 3 meses. Foi tudo muito rápido em tomar decisões, tanto do meu lado, como do lado da resposta final os pais. Durante o dia da proposta, no caminho, para casa não parava de pensar: “como é que eu fui escolhido entre tantos alunos na escola “.

Em relação ao local de estágio, que foi realizado em Terre d’Adeles, é um espaço comunitário que pode ser frequentado por diversas pessoas que queiram ter o seu próprio espaço de cultivo e aprender novas maneiras e formas de executar uma boa realização de um espaço comum, e poder aprender através do conhecimento de outras pessoas que estejam dentro do jardim há mais tempo e que as possam ajudar. Nos 3 meses que estive em Terre d ‘ Adeles, no início, como não conhecia o espaço, não fazia ideia do que iria realizar ali, mas as minhas atividades foram, essencialmente plantação e colheitas usando técnicas biológicas. Fiz também compostagem.

Foram 3 meses de uma experiencia única e inesquecível! Tive uma aprendizagem como nunca esperei ter e tive uma boa receção quando entrei no estágio. O único problema é que não falava francês mas isso foi passando, perguntei se o inglês era suficiente e até que foi, mas durante os 3 meses que estive em frança tive que, pelo menos, fazer um esforço para tentar os perceber e eles a mim mesmo podendo haver ali misturas entre o francês e o inglês por eles quando eu não percebia alguma coisa que diziam em francês.

Obrigado à Câmara Municipal de Torres Vedras e às coordenadoras do projeto por me terem proporcionado esta experiência inesquecível.

 Jantar num restaurante português em Bordéus