Testemunhos

Beatriz Tavares Benedi – Limassol (Chipre)

Técnica de produção agropecuária

 O meu nome é Beatriz Tavares Benedi. Estudei na Escola Profissional Agrícola Fernando Barros Leal, no curso técnico de produção agropecuária e candidatei-me ao “Projeto Moinhos VIII- Formar para Inovar”, um programa Erasmus +. Realizei o estágio na cidade de Limassol, no Chipre, numa quinta de produção biológica, chamada Hadjipieris Organic Farm.

Esta experiência de trabalho no estrangeiro despertou-me um misto de sentimentos, tanto relacionados com atividades a desenvolver no meu local de trabalho, como também nas condições do alojamento.

 Não realizei praticamente nenhuma tarefa que tivesse pensado previamente que iria efetuar. As minhas tarefas diárias foram diversas, estas dependiam principalmente das condições atmosféricas. Se estivesse bom tempo, iria para o campo fazer a moda manual às ervas daninhas presentes nas culturas, colheita de tomate cherry ou de azeitonas e outras tarefas que aparecessem para fazer durante o dia. Se estivesse mau tempo, iria para a cozinha auxiliar a fazer receitas de doces e de conservas tradicionais para a venda, entre outras tarefas.

No geral, em relação ao local de trabalho, não foi nada do que estava à espera e não senti que aprendi nada de novo em relação a técnicas agrícolas. A única coisa que tornou este local um sítio realmente agradável, foi o facto de ser uma empresa familiar, onde todos os trabalhadores eram pessoas incríveis e muito amigáveis.

Para melhorar toda a situação, que já não estava muito boa, o alojamento não ajudou em nada. Não senti qualquer tipo de apoio ou de preocupação vinda dos diretores do local que nos acolheu para vivermos durante três meses. Isto porque, ao longo do tempo, eu e o meu colega fomos apresentando alguns desconfortos e situações que não deveriam de acontecer e, na maioria das vezes, não obtínhamos qualquer resposta. Como por exemplo, eu vivi praticamente isolada de qualquer outro estudante de Erasmus que estaria a residir no prédio, pois decidiram colocar-me a morar no rés-do-chão com a cuidadora do prédio, uma mulher indiana com os seus 35 anos que mal falava inglês. Obviamente, esta não foi uma boa situação uma vez que não me sentia nada confortável e a única pessoa que eu conhecia não podia entrar no meu apartamento, só porque era um rapaz (esta situação durou um mês). Depois, mudaram-me para o meu segundo apartamento onde não irei entrar em detalhes sobre os colegas de casa, dizendo somente que todas as semanas aparecia um novo problema, o qual a resolução demorava uma semana a chegar ou simplesmente nunca chegou. Estes dois meses não foram os melhores da minha vida, mas, sem dúvida alguma, que foram melhores do que o meu primeiro mês no Chipre.

Em relação à minha participação neste projeto, foi sem dúvida uma experiência única e um sonho concretizado. Não sei se irei um dia realizar novamente algum tipo de projeto idêntico, pelo menos não sozinha.

Para quem esteja interessado, acho que não têm nada a perder, pois irão embarcar na viagem das vossas vidas e com tudo pago. Se tiverem coragem e vontade de embarcar nesta experiência, espero que gostem, mas, se esse não for o caso e não gostarem, pensem no que todas as pessoas me disseram, quando eu estava sozinha num país desconhecido: - “Bea, são só três meses, aguenta”.

Espero que tenham mais sorte que eu e que gostem.